sábado, 25 de agosto de 2007

O Movimento que não terminou

No início há uma palavra, Tropicália, era um encontro mítico entre Hélio Oiticica – agente provocador das artes brasileiras – e Caetano Veloso – cantor jovem disposto a pôr suas idéias em circulação - . Logo surge o movimento cultural, Tropicália, sob a influencia das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira (como o pop rock e o concretismo); mesclando manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais.
Havia também objetivos sociais e políticos, mas principalmente comportamentais, sob o regime militar no final da década de 1960. Essa era a mudança, não por meio da política, e sim, criticando os comportamentos e costumes.
O público para eles – tropicalistas – não era mais um conjunto de pessoas que ficavam do lado de lá, só vendo e escutando o que acontecia no palco. Era a hora de participar, até porque segundo Oiticica “...a grande arte é feita quando se constroi relaçoes com quem a vê, todas as diferenças, sobretudo de classes sociais, são abolidas…”

Com isso as manifestações eram diversas; como as artes plásticas (Hélio Oiticica), o cinema (influenciando o cinema novo de Glauber Rocha), o teatro (sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Matinez Correa). O movimento na música surge com a união de artistas baianos, no Festival de Musica Popular Brasileira promovido pela Record, em São Paulo e Globo, no Rio de Janeiro, onde Caetano Veloso interpretou Alegria, Alegria, inserindo a guitarra elétrica na musica popular – o que era considerado um “crime” pelos sambistas tradicionais e Gilberto Gil ao lado dos Mutantes com a canção Domingo no Parque, ali, apresentava os primeiros traços do movimento. No ano seguinte lançam o disco Tropicália, considerado quase um manifesto pelo grupo.

“... Por entre fotos e nomes. Sem livros e sem fuzil. Sem fome, sem telefone, no coração do Brasil. Ela não sabe até pensei em cantar na televisão. O sol é tão bonito, eu vou. Sem lenço e sem documento, nada nos bolsos ou nas mãos. Eu quero seguir vivendo, amor...eu vou...Por que não...” Alegria, Alegria – Caetano Veloso

O tropicalismo ainda pregava a estética, buscava um novo jeito de ser e de se expressar culturalmente; roupas coloridas, cabelos longos, atitudes não convencionais e viver “aqui e agora” refletiam as novas idéias As palavras de ordem eram “a criatividade no poder”, “abaixo a cultura de elite”. Acreditavam que a experiência estética vale por si mesma e ela própria já é um instrumento de mudança social.

Teve como principais representantes: Arnaldo Batista, Sergio Dias e Rita Lee – com os Mutantes – Capinan, Cazuza, Chico Buarque, Gal Costa, Gilberto Gil, Guilherme Araújo, Jorge Ben, Jorge Mautner, Júlio Medaglia, Lanny Gordin, Led Zeppelin, Maria Bethania, Raul Seixas, Rogerio Duprat, Tom Zé, Torquato Neto.

Sincretico, misturou rock, bossa nova, samba, baião, pop e folclore. O movimento liberitário acabu com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968.

Para a cultura brasileira, Tropicália, foi um momento único. Para músicos e artistas de diferentes lugares, quarto décadas depois , é uma espécie de mapa onde as culturas se misturam e os valores culturais e politicos parecem menos sólidos.

Um momento marcante foi quando Oiticica cria a bandeira com a frase “Seja marginal, seja herói”.

Porém, essa leitura é parcial, sobretudo foi atraves das músicas de Tom Zé que os estrangeiros – Estados Unidos e Europa - tiveram uma compreensão mais ampla e complexa da música popular brasileira. O resultado é que artistas tropicalistas influenciam a cultura brasileira até hoje, 4 anos depois, em plena realidade social e política em que vive o Brasil, chega ao Museo de Arte Moderna do Ro de Janeiro a exposição Tropicália – Uma Revolução Cultural Brasileira (1967-1972), após ter passado pelos Estados Unidos, Alemanhã e Inglaterra. Foi elaborada pelo Museo de Arte Contemporanea de Chicago e o Museo do Bronx, de Nova York.


Andréia de Oliveira

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